Archive for setembro 2018

Riso

Essa foi uma noite bonita.

Eu cheguei em casa cansada, depois de uma reunião do GT de comunicação e da plenária do Ato das Mulheres e achei que ia descansar. Mas assim que coloquei o pé dentro do quarto surgiu a necessidade de fazermos uma nota pra imprensa, o que nos tomou mais umas duas ou três horas da noite.

Até desligar o cérebro, fui dormir era umas três da madrugada. Não lembro com o que sonhei, mas sorri. Sorri, não, gargalhei. Me lembro de ter acordado de manhã, antes de o despertador tocar, gargalhando. Percebi o riso, pensei o quanto aquilo era engraçado e voltei a dormir.

A vida tem graça. Quando eu estou cuidando de mim e do mundo, a vida é feliz.

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O mundo

Fim do domingo me lembrei de você. Não porque fizéssemos algo muito incrível no final dos domingos ou porque estivesse com vontade de estar com você, só me bateu, de repente, uma saudade de nós. De quando eu deitava nos seus braços e você reclamava brincando, falando que eu queria ficar "dentro de você". Você tinha muita dificuldade de aceitar afeto sem fazer qualquer palhaçada para desviar a atenção. Lembrei disso e bateu aquela saudade de nós.

Caíram algumas lágrimas, me penitenciei por elas, até que olhei pro meu sabonete facial no banheiro, no qual estava escrito "cleanance" e na mesma hora entendi: calma, isso faz parte da limpeza. As lágrimas fazem parte desse processo e você não tem que se envergonhar por elas virem de vez em quando. Me acalmei. Ao total foram umas talvez sete lágrimas. Foram poucas, mas meu racional logo se preocupou. Me tranquilizei com a mensagem no banheiro e me pus a pensar... e me lembrei.

Me lembrei do final de semana anterior ao término, quando estávamos na casa da avó do seu amigo, você foi pegar minha mochila no meu carro, porque algo estava incomodando meu olho e meu produto das lentes estava na minha mochila lá fora. Voltou com a mochila e uma notícia para os amigos: vão lá porque há duas meninas negras, como vocês gostam.

Aquela interrogação na minha mente, mas decidi não dar muita atenção àquilo. Os dois saíram à caça das meninas, meu ex ficou conversando com a avó do amigo dele e eu fui ao banheiro mexer nas minhas lentes. Voltei para a sala e um pouco depois os dois meninos voltaram dizendo que tinham pegado o instagram das meninas. Muito burburinho em torno do assunto e indaguei: que história é essa de você ir lá fora e voltar falando de mulher? (na mesma hora pensei o caos social que seria se tivesse sido eu.) Começou o "deixa disso" por parte do meu ex, o "nada a ver" e a avó do amigo dele me olhava... ela já sabia do que acontecia, hoje percebo.

Um tempo depois meu ex me pediu para irmos embora. Deixei-o em casa, fui para a minha. Um tempo depois ele me ligou dizendo que a luz tinha faltado lá, perguntando se tinha também na minha casa. Um pequeno papo, desligamos.

Nada demais se naquela madrugada em que eu terminei eu não tivesse lido que por volta daquela hora em que você me ligou você tinha mandado uma mensagem para o seu amigo falando: "rápido, pergunta se as mulheres querem sair". Depois ainda ligou para ele - se eu te conheço bem, para saber se ia ter a saída, o que constatei ao olhar as chamadas no telefone.

Ao lembrar dessa cena imediatamente minha pequena saudade se esvaiu. Saudade do quê? Na minha cara, pegando a minha mochila, no meu carro, ele conseguiu articular uma traição. No meio de uma circunstância completamente mundana ele profanava.

Nesse momento entendi que era hora de colocar no lugar o globo terrestre que eu tinha comprado e guardado para dar de aniversário para ele. Aqui cabe um parênteses: antes de terminar, nas semanas, talvez meses anteriores, eu estava me sentindo muito encurralada, muito insatisfeita e infeliz porque estava entrando em um processo de conscientização de que eu nunca seria realmente feliz, em paz naquela relacionamento. Me debatia comigo mesma e com meus guias à noite. Eu tinha um deadline, pois tinha colocado em minha cabeça, depois de uma consulta astrológica, que se meu ex não se emendasse eu terminaria com ele no fim do ano.

Em uma daquelas tantas noites chorando sabendo o que eu tinha que fazer, mas sem saber como, onde arranjaria forças dentro de mim para isso, eu pensei no globo terrestre que eu tinha comprado pra ele e estava guardado. O aniversário dele seria no dia 31 de agosto e eu pensei que seria muita vitória se eu conseguisse terminar antes e colocar o globo na minha estante, como símbolo do meu triunfo, como a materialização de que, mesmo após três anos de sofrimento, eu consegui dar fim ao relacionamento.

Pois bem, depois da pequena saudade e da enorme lembrança que se abateu sobre mim nesse domingo, soube que era a hora de colocar o globo terrestre onde ele sempre pertenceu: na minha estante! Estava adiando esse momento porque como tinha dado a ele o presente na noite do dia 31 e terminei com ele na manhã no dia 1o, achei que seria doloroso demais ficar olhando para o presente que eu comprei para ele, que eu dei para ele, mas que neguei a ele ao mandá-lo embora (sim, ele teve a cara de pau de reivindicar o presente depois de eu ter visto vários absurdos no celular dele, como uma foto do pau dele - que ele não tinha mandado pra mim, e uma conversa sobre ele e os amigos terem ido para a Vila Mimosa - para quem não conhece, é o lugar em que se, digamos, contrata uma prostitua por qualquer vinte reais). Achei que seria difícil ficar lembrando de como ele acordou assustado ao eu abrir a cortina e mandá-lo embora naquela manhã.

Realmente, seria difícil... se não fosse mais difícil ainda me lembrar quantas mentiras, quantas traições, quantas humilhações, quantas agressões, quanta violência, quantos absurdos eu sofri durante os últimos três anos. Ficar com o globo não foi nada...

Coloquei o globo terrestre na minha estante e ficou perfeito. Parece que estava faltando exatamente ele no local onde está. O globo está no lugar certo porque eu mereci o mundo; eu mereço em todas as belas acepções que a palavra "mundo" pode ter. Eu conquistei esse direito. Agora, o mundo é meu. 

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Sextas-feiras

Sempre amei sextas-feiras. Dizem que por ser taurina tem algo relacionado ao meu signo, mas seja lá qual for a razão sempre tive uma relação especial com o dia. Não só porque é o início do fim de semana, mas talvez porque minha memória afetiva construiu sextas solitárias fazendo o que EU mais amava.

Quando era menor, as sextas eram dedicadas a ir com meu pai buscar minha mãe no trabalho, passarmos no mercado, irmos a uma locadora. Isso nem pode ser considerado um programa, mas era um itinerário que eu adorava. Ou mesmo a assistir chiquititas ou a um filme sozinha. Lembro de ser um dia dedicado a coisas que eu realmente gostava de fazer - principalmente sozinha.

Lembro que na época da faculdade, quando meus pais estavam mais folgados financeiramente - afinal eu estudava em uma Universidade Pública, eu ia para uma rua aqui da minha cidade, a melhor de lojas, e passava a tarde experimentando roupas. Na verdade, eu estava experimentando sonhos. A cada roupa eu me imaginava em uma situação, a cada acessório que eu pensava em adquirir havia pro trás a vontade de ser melhor: uma mulher mais forte, mais bem decidida, mais dona de si e mais atraente também. Passei meses e até anos tendo esse ritual semanal de passear pelas lojas e fazer comprinhas às sextas sozinha. E eu adorava... Tempos das vacas gordas, naturalmente.

Saí da faculdade, engatei um namoro e minhas sextas-feiras passaram a ser em um ônibus, cheia de bolsas, indo para a Barra da Tijuca, onde meu namorado morava. Por um tempo foi legal, mas depois passou a virar ressentimento o fato de eu ter sempre que ir, que nem uma muambeira, para a casa dele, conviver com os pais dele, os amigos dele, o quarto dele, tudo dele. Ele terminou comigo e meu mundo acabou durante uns cinco meses, até que conheci meu ex namorado.

Entre uma coisa e outra as sextas viraram lamúria. Ficava triste, reservada, amuada. Passei todos os cinco meses chorando. Quando eu comecei a me reerguer conheci meu ex. Logo as sextas passaram a ser um misto de ansiedade e agitação para estarmos juntos, para saber se estaríamos juntos, para nos encontrarmos.

Nossa relação foi ficando mais séria e minhas sextas-feiras passaram a ser nossos encontros. Na verdade, no início, nós estávamos juntos o tempo todo. No nosso segundo ano de namoro, porém, minhas sextas desmoronaram. Ele passou a inventar toda uma sorte de motivos para não estar comigo e sair com os amigos escondido - coisa que agora eu sei mas que passei na penumbra por muito tempo. Passei uns seis meses vivendo sextas horrorosas, porque se uma coisa que era certa era que eu nunca sabia de onde viria o tiro. Como ele apelava dizendo que tinha que ficar com a mãe, porque estava doente etc, eu tentava me adequar naquela caixa difícil de caber. Seis meses depois, esse tipo de sexta chegou ao fim: li conversas dele com os amigos dele no celular e terminei.

As duas sextas de término foram horrorosas. Lembro de ter encontrado uma amiga, me distraído, mas eu estava em pedaços. Não demorou muito para os anseios dele de voltar me convencerem. Voltamos. E na volta eu fui categórica: estou reatando o namoro, mas não vou passar pelo que eu passei com você nos últimos meses. Se for pra ser assim, tchau. Não foi. Ele entendeu bem que final de semana era sagrado, que nas sextas o nosso encontro era quase uma cerimônia de estabilidade do namoro, e poucas vezes brincou mais com a data.

Entretanto, ele levou meu aviso quase ao pé da letra e nos últimos tempos respeitou a sexta e o sábado à noite, mas resolveu farrear durante a semana. Minha intuição me dizia que tinha algo errado, mas resolvi esperar... a sexta. Chegou o aniversário dele na sexta e comemoramos. Na madrugada olhei o celular dele, conversas tortas com os amigos e adeus.

Hoje é a terceira sexta depois que terminei o namoro. Estou bem. Na primeira sexta era pós feriado e passei com minha mãe, vi filmes etc; na segunda sexta eu fui para um curso no Rio, voltei super cansada e até dormi cedo; e hoje estou aqui refletindo sobre sextas... São quatro horas da tarde, ainda é cedo. Eu nem deveria estar escrevendo isso agora. Na verdade eu vim escrever porque estou preocupada com minha saúde física que ficou tão abalada nos últimos meses por causa desse relacionamento tão absurdamente tóxico. Estou preocupada e vim escrever um pouco para aplacar minha ansiedade de continuar comendo vorazmente como tenho feito desde que ele me espancou há seis meses atrás. Não estou me escondendo atrás disso, mas certamente estou tendo que enfrentar de frente as consequências. Estou ponderando a terapia, a academia, o livro que vou ler, os métodos que vou utilizar para me curar. Penso em mim... quanto? O tempo todo.

Esta sexta eu sei que vou passar assim, na paz de estar livre e na ansiedade de ter que lidar com as sequelas que ainda estão presentes. Diante de tantas coisas importantes com as quais lidar, uma ao menos está resolvida: estou em paz! A paz de me habitar, de me bastar e de me ter. Me tenho quando me respeito, me tenho quando me converso sobre limites, me tenho quando me reflito por inteira. Me tenho aqui e agora para me ter cada dia mais. 

É assim que caminha esta sexta, no meu novo passo. Não sou astróloga, então não posso referendar, mas posso dizer, empiricamente que, pra esta taurina aqui, é inegável que as sextas representam grandemente o estado astral do meu ser e hoje, graças, sou paz - e provavelmente um livro e um chocolate.

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Sobre acordar

Estava ótima ontem antes de dormir. Coloquei um vídeo que falava sobre narcisismo para dormir, somente naquela onda de fixar as ideias. Tenho trabalhado sobre a questão assim: descobrimentos, mantras e reafirmações. Adormeci bem.

O despertador tocou às 9h30, mas eu ainda muito cansada, então coloquei para me acordar novamente às 10h30. Mas nem foi preciso, porque por volta de 10h19 acordei espontaneamente de um pesadelo. Foi preciso apenas 49 minutos para minha cabeça dar um looping em um "sonho" tenebroso.

Nele, a gente tinha se encontrado na minha casa (não nessa onde eu moro hoje, uma outra, casa mesmo) com um casal de amigos nossos, para jantar. Você fazia de tudo para ser um fofo, para eu te ver com bons olhos e querer voltar com você.

Não voltei. Me despedi e no adeus você conversou na minha frente com seu amigo, sobre o que você faria no resto daquela noite. Em vez de ir pra casa, como alguém que gostaria de retomar o relacionamento faria, você disse que estava pensando e decidiu ir com esse amigo, com uma amiga nossa e a amiga dela para Petrópolis.

No pesadelo, eu voltei para dentro de casa e me desesperei. Pensei: meu Deus, Petrópolis? Lugar de frio, de estar junto... meu Deus, vou perder. Me desesperei completamente e comecei a andar de um lado para o outro pensando em retomar o relacionamento. E aí me veio na cabeça ligar para ele e pedir pra ele ir de novo lá em casa, naquela hora. Mas e se ele se negasse? Ele voltaria da viagem só porque eu pedi?

Me lembro de um desespero muito profundo, mas também de uma racionalidade muito intensa de que não, eu não poderia voltar a namorar com ele. Não porque eu contei um pouco (quase nada) para as pessoas sobre o que ele fez comigo, mas porque EU SEI que não devo voltar a namorar com ele. Que EU NÃO MEREÇO. Meu ego, meu medo, meu sei lá o que deveria se resolver sozinho, porque eu não iria voltar atrás, tipo um: honey, suck it!

Acordei muito tensa e angustiada. Vê-lo no "sonho" foi horrível, me dilacerou. Vê-lo.. na minha frente, na minha casa que não existe, naquela relação que não era mais o que foi. O toque de realidade ficou em ele querer voltar mas agir de forma completamente contraditória, dizendo na minha frente que iria passar o final de semana viajando com um amigo e duas mulheres. Mas volto a dizer.. vê-lo foi a pior parte. Perto mas tão longe. Tão longe de eu poder voltar a me enganar.

Não queria vê-lo. Não quero nem tão cedo. Aliás, se eu puder, não quero vê-lo nunca mais. Antes de o despertador sequer tocar, abri os olhos. Acho que foi a dor, o temor sobre os pensamentos de considerar voltar.

Meu Deus, por que voltei a dormir, em vez de levantar? Tem horas que o melhor é mesmo acordar.

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Coisa de início e de fim

Pra um término eu quase não chorei.
Pro nosso término eu quase não chorei.
Chorei tanto nos últimos anos que agora pouco sobrou.

"Know it sounds funny
But, I just can't stand the pain
Girl, I'm leaving you tomorrow
Seems to me girl
You know I've done all I can
You see I begged, stole and I borrowed! (yeah)
Ooh, that's why I'm easy
I'm easy like Sunday morning
That's why I'm easy
I'm easy like Sunday morning"


Faz cinco meses que nosso namoro acabou dentro de mim. Foi em março de 2018, em Saquarema, quando você me espancou, me arrastou pelo chão, me jogou contra a cama. Quando eu coloquei um fio na janela para conseguir sair do quarto e ir embora. Foi naquele dia que o último pedaço do meu coração que ainda segurava a gente se quebrou.

"I can see clearly now the rain is gone.
I can see all obstacles in my way.
Gone are the dark clouds that had me blind.
I can see clearly now the rain is gone.
I can see all obstacles in my way.
Here's the rainbow I've been praying for."

Dói relembrar o quanto eu era apaixonada por você. Ouço as músicas que eu ouvia à época em que te conheci e hoje me dói saber que eu fui apaixonada por uma pessoa que não exatamente existia. 

No nosso primeiro ano eu daria minha vida por você. Dentro de mim eu não só era a mulher mais sortuda do mundo por ser amada pela pessoa que eu era apaixonada, mas também por achar que nós éramos imbatíveis. E nós éramos. Por um ano nós fomos porque foi real dentro de mim. Nós conversávamos tanto, nós estávamos sempre juntos, nós tínhamos tantos sonhos em comum, nós nos completávamos. Você o idealizador e eu a realizadora. Era uma combinação perfeita, mas que nunca sairia do papel.

"A friend indeed, come build me up
Come shed your light, it makes me shine
You get the message, don’t you ever forget it
Let’s laugh and cry, until we die
If it wasn’t for you, I’d be alone
If it wasn’t for you, I’d be on my own
Don’t wait ‘til I do wrong
Don’t wait ‘til I put up a fight
You won my heart, without a question
Don’t wait for life
I care for you, I talk to you
In my deepest dreams, I’m fortunate
We got a friendship, no one can contest it
And not to mention, I respect you with my all
If it wasn’t for you, I’d be alone
If it wasn’t for you, I’d have to hold my own
Don’t wait ‘til I do wrong
Don’t wait ‘til I put up a fight
You won my heart, without a question
Don’t wait for life
Not a thing in the world could get between what we share
No matter where you at, no worry I’ll be there
No one’s got your back like I do
Even when the business ain’t going well, we still cool
When I shine, you shine, always on your side
All my life you’ll have what’s mine
Mark my word, we gon’ be alright
My brother, my sister we gon’ be just fine
If it wasn’t for you, I’d be alone
If it wasn’t for you, I’d be on my own
Don’t wait ‘til I do wrong
Don’t wait ‘til I put up a fight
You won my heart, without a question
Don’t wait for life"
(Don't Wait - Mapei)

Mas já havia sinais. Aliás, eles estavam todos ali. No fundo eu sei que o certo a ter sido feito era ter terminado naquele dia em Saquarema (olha a cidade aí de novo...) em que nós éramos ficantes muito assíduos - leia-se, estávamos juntos todos os dias, compartilhávamos tudo; só não tínhamos oficializado ainda - e eu vi no seu celular dezenas de conversas sobre sexo com outras mulheres. Na época eu suspeitava porque você não deixava o celular perto de mim por nada, mas naquele dia eu olhei e vi. Só que eu não enxerguei. Me ludibriando, por causa de umas leituras que eu tinha feito que diziam que o homem, no início, tem dificuldade de largar os "casinhos", eu achei que aquilo logo passaria; que era coisa de início. Em verdade foi coisa de início e de fim. 

"99% anjo, perfeito
Mas aquele 1% é vagabundo"
(Aquele 1% - Wesley Safadão)

Nota mental: sempre prestar atenção nas músicas que o cara canta com muito furor..

Mesmo assim eu segui. Era desesperadora a ideia de deixar de viver toda aquela paixão. Eu precisava. Não havia outra força dentro de mim. Quantas vezes eu andei na rua visualizando nosso casamento. Eu entrando de noiva, você me esperando enquanto tocava "All of me".

"What would I do without your smart mouth
Drawing me in, and you kicking me out
Got my head spinning, no kidding, I can’t pin you down
What’s going on in that beautiful mind?
I’m on your magical mystery ride
And I’m so dizzy, don’t know what hit me, but I’ll be alright
My head’s under water
But I’m breathing fine
You’re crazy and I’m out of my mind
‘Cause all of me
Loves all of you
Love your curves and all your edges
All your perfect imperfections
Give your all to me
I’ll give my all to you
You’re my end and my beginning
Even when I lose I’m winning
‘Cause I give you all of me
And you give me all of you"
(All of you - John Legend)

Quase tirei essa última frase deste texto, a que diz "você me dá tudo de você". Porque eu sei que eu dei tudo de mim e você me deu pouco. Mas seria inverídico com a história real se eu não dissesse que você me deu tudo de você. Porque você me deu; é que você tinha pouco mesmo. Foi o que me fez finalmente conseguir ir embora: entender que você não tinha dentro de você nada além do que tinha conseguido engajar no relacionamento. Mas era pouco pra mim e, ouso dizer, para qualquer relacionamento saudável.

Te amei muito. Te mimava, fazia tudo por você, genuinamente. Como Meghan Trainor falava, "like I'm gonna loose you".

Antes de você viajar eu te dei o ultimato: se você for para a Polônia sem estarmos namorando é o fim. Depois de seis meses juntos, eu não ficaria esperando vinte dias de viagem naturalmente como se namorada fosse sem ser. Você me pediu em namoro no aeroporto. Enquanto você viajava eu malhava pro carnaval, ao som do famigerado Biel ("tô chegando, hein... - na época não se sabia o quanto machista o cantor era) e estudava pra prova de ingresso pro mestrado. Você voltou e vivemos o nosso melhor ano juntos: 2016.

E agora, com pouca ou quase nenhuma poesia, ouvindo as músicas que eu ouvia muito no nosso início e apagando-as da minha playlist, eu acabo de acabar com mais um capítulo desse relacionamento na minha vida.

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