O título desse texto me lembra o livro "O lado bom da vida", que eu li há exatamente um ano, tendo visto o filme em seguida.
A vida é uma constante impermanência (uma das maiores e melhores coisas que o budismo tem me ensinado, o que é papo para outro texto) e aproveitar todas as fases é essencial para que possamos apreciar a vida, verdadeiramente, já que a felicidade não é, definitivamente, o pote de ouro a ser encontrado no fim do caminho, mas sim o modo de viver nosso percurso particular.
Filosofias sobre a vida a parte, acho que é muito importante atentarmos para cada traço positivo e negativo do momento que estamos vivendo.
Hoje, estou solteira, depois de mais de dois anos estando namorando, e posso dizer que há aspectos muito positivos na minha fase atual.
Claro que, após o término, os sentimentos são os mais horríveis possíveis. Primeiro, vem um desespero e uma falta de visão do horizonte que são tão amedrontadores que chegam a sufocar. Depois, há um sentimento de que ninguém será tão bom o suficiente para valer o seu tempo. E mais depois ainda há o que eu estou vivendo hoje, que é uma paz com o que rolar.
Eu imagino que para me envolver com alguém, hoje, esse alguém terá que mostrar que vale muito a pena, ou seja, um envolvimento de verdade só se aquilo não me parecer uma "perda de tempo". Se acontecer outro envolvimento, ótimo, mas terá que ser de forma natural, porque não sinto vontade de sair por aí à caça de um próximo namorado.
Namorar é muito muito bom, mas não pode ser um estilo de vida. Meu namoro acabou há dois meses e meio e acredito que entrar em outro relacionamento seria apenas substituir a pessoa para manter um padrão de vida e status "namorando", o que não é a minha onda.
Acho que, para namorar, tem que ser um envolvimento maior do que apenas segurar alguém pra usar como muleta em uma vida que não se sustenta sozinha.
Bem, mais filosofias a parte, a vida de solteira tem algo de sensacional que pouco se fala. Não, não é a possibilidade de poder ficar com qualquer pessoa que a gente queira e nos queira também; não é poder ir a todas as nights que se apresentarem, indepedentemente do estado de humor do queridão que ocupava o cargo de namorado; nem é um grito de liberdade de poder ser aquela mulher super maravilhosa "que os homens não seguram ter por perto".
Não. Acho que a coisa mais maravilhosa de estar solteira, agora, é perceber que eu não tenho que agradar a absolutamente ninguém, salvo a mim mesma.
Eu sei que pode parecer muita besteira, mas é do ser humano, quando estamos com alguém, querer ser alguém, claro, que agrade também ao outro. Então, por exemplo, você queria fazer aquela viagem em um determinado momento e o queridão achava que o mais certo, naquele momento, era você investir o dinheiro. Você até pode vir a fazer a santa viagem, mas terá que ter harmonizado opiniões e ponderado outras vozes que não a sua.
Não quero dizer, com isso, que solteira você deve ligar o amigo "F" e sair fazendo o que quiser, independentemente dos que estão à sua volta, mas sim que a sua obrigação primeira e última no andar sozinha é com... você.
Vamos falar a verdade, é inerente a qualquer relacionamento um elemento chamado concessão. Não adianta, no domingo o queridão quer ver o jogo, então você pode até convencê-lo de que ir ao cinema assistir "Cinderella" é muito mais legal, mas, vamos lá.. é mesmo? Pra você pode ser, mas pra ele dificilmente será. Ele, então, estará fazendo uma concessão (que é a base de qualquer relacionamento saudável). Mas não tem um lado muito legal de você simplesmente ir ao cinema e sentir que não está quase obrigando outra pessoa a fazer o que não preferia estar fazendo naquele momento?
E não me entendam mal, fui inúmeras vezes fazer outras coisas enquanto meu ex, por exemplo, ia jogar tênis ou coisa que o valha, inclusive fui muitas vezes ao cinema sozinha. Mas tem um ar de alívio quando você pode passar o dia todo fazendo absolutamente tudo o que você gosta sem que isso seja resultado de uma mesa de negociação.
Nos feriados, por exemplo, a gente sempre viajava pra casa da família dele na região dos lagos. Eu, que sempre gostei de ir para aquela cidade, passei a pegar um certo bode, porque virou uma obrigação passar todos os feriados com a família do ex, esparramada no sofá vendo programas esportivos. Eu reclamava e aí havia concessões: eu ia, mas fazíamos programas que eu gostasse também. Ele ia e assistia a menos programas esportivos. Não tem jeito, qualquer relação vai sempre ser assim, a concessão é inerente.
O problema é que quando as pessoas entendem por prazer coisas muito diferentes, ou até complementares, mas que exijam um esforço, isso pode acabar trazendo um saldo incômodo no final. Acho que é o tipo de coisa que varia de pessoa pra pessoa, de maturidade, mas é um elemento inexorável a qualquer relacionamento, que na solteirice não existe.
Nos feriados, por exemplo, a gente sempre viajava pra casa da família dele na região dos lagos. Eu, que sempre gostei de ir para aquela cidade, passei a pegar um certo bode, porque virou uma obrigação passar todos os feriados com a família do ex, esparramada no sofá vendo programas esportivos. Eu reclamava e aí havia concessões: eu ia, mas fazíamos programas que eu gostasse também. Ele ia e assistia a menos programas esportivos. Não tem jeito, qualquer relação vai sempre ser assim, a concessão é inerente.
O problema é que quando as pessoas entendem por prazer coisas muito diferentes, ou até complementares, mas que exijam um esforço, isso pode acabar trazendo um saldo incômodo no final. Acho que é o tipo de coisa que varia de pessoa pra pessoa, de maturidade, mas é um elemento inexorável a qualquer relacionamento, que na solteirice não existe.
Não estou pregando o solteirismo, hein! Namorar é muito bom! O que eu quero dizer é que, assim como estar solteiro, as duas condições têm seu lado bom e seu lado ruim.
De sexta para sábado, por exemplo, fui dormir às quatro da manhã vendo o filme Sex and the city, sei lá, pela vigésima vez, sem que isso atrapalhasse o sono ou o programa de outrem no dia seguinte. Ah, gente, tem um lado poético em todas as situações da vida! Quando estamos solteiras, a gente dá mais atenção à família, aos próximos desejos, ao próprio corpo e, principalmente, a quem nos ambicionamos ser. E eu acho isso um aspecto delicioso.
E quem sabe, nesse meio tempo, podemos refinar ainda mais nossas vontades a ponto de, algum dia, poder colocar-se em uma relação de forma confortável para saber o que vale de verdade uma negociação ou não.
Claro que às vezes vai bater uma carência, vai bater saudade do telefonema, do afago, mas vamos lá.. a vida é esse redemoinho de emoções e circunstâncias que eu falei no começo do texto, então vamos simplesmente aproveitar o alívio presente de ser e fazer o que se quer, até que o próximo se apresente e as negociações recomecem? Aproveitemos esse tempo para ser e fazer exatamente o que queremos e melhorarmos como seres humanos. O futuro se encarrega do resto!
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